quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Para Sempre


A minha Avó.
A minha Avó partiu no dia 21 de Dezembro.
O dia 21 é o dia mais pequeno do Ano.
Os antigos diziam que neste dia terminava a escuridão e começava a Luz.
Nunca tive tanta certeza que os antigos têm muita razão.
O céu tem agora uma Luz Tão Brilhante.

Naquele dia senti que perdi um bocadinho do meu Eu. Houve uma pequena parte de mim que partiu com ela.
E sei que nunca a vou recuperar.
Quem me conhece, conhece o meu sorriso primeiro. Imagem de marca, dizem.
Que continua cá. Só que muito mais ténue, muito mais forçado nos últimos dias.

E depois lembro-me da minha Avó. Meu Anjo, minha Amiga Maior, minha Protectora.
A minha Avó tinha o sorriso mais terno, bondoso e sincero do Mundo.
Sorria porque sim, porque tem de se ter sempre um sorriso para as pessoas.
Porque se deve tratar sempre bem toda a gente.
Porque se deve sempre acompanhar as pessoas à porta quando estão de saída.
Porque temos de aceitar como Deus manda. E cara alegre.
E nestes momentos alargo o meu sorriso mais um bocadinho. Porque ela faria o mesmo.

Ela, que sempre sorriu nos momentos difíceis da sua vida. E não foram poucos.
Ela, que criou dois filhos, duas netas, ajudou a criar alguns sobrinhos, e que viu o marido e os filhos partirem antes dela.
Ela, que emigrou para um país da América, sem saber ler nem escrever, e que governou um lar e um negócio com o meu avô enquanto por lá esteve. Que aprendeu a língua do país, que aprendeu a moeda local, que tinha uns vizinhos italianos tão simpáticos que ficaram na sua memória até muitos anos depois. E que não mais tornou a ver quando regressou ao seu Portugal. Quem sabe um dia não volto lá?

A minha Avó fazia as melhores filhós do Mundo.
Fazia os melhores raviolli do Mundo.
Tinha as mãos mais bonitas do Mundo.

A minha Avó tinha 100 anos e era a minha Menina.
Eu era uma das "queridas" dela. A outra era a minha irmã. As minhas queridas, como ela dizia.
Sinto ainda um nó na garganta e o peito muito apertado quando me recordo da voz, do cheirinho e do quentinho das mãos dela quando apertava as minhas. Ai esta miúda tem as mãos tão frias!!! Dá cá que a avó aquece.
A minha Avó aqueceu-me os dias, a infância, a adolescência e grande parte da minha vida adulta.
Ainda sinto o toque dela, o abraço dela, o calor dela.

Não sei bem quando esta dor vai amainar. Suavizar, atenuar.
As saudades são infinitas, e agora percebo o Amor Incondicional que ela tinha por mim. Eu criei o mesmo por ela.

Vou ter sempre uma falta, um bocadinho por preencher, uma peça do puzzle que vai faltar sempre.
Ela vive na minha memória, sim, agora e sempre, para Sempre.
Agarro-me a ela para pedir força para continuar em frente.
Peço-lhe a ela que me oriente desde lá de cima, onde ela está!
Que me indique o caminho certo, quando eu me desviar da minha rota.

A minha Avó é um Anjo agora.
Já o foi em vida, pelo que agora apenas mudou de sítio.
Apenas não A vejo.
Mas sei que Ela vai ser sempre o meu Anjo.
Desde e Para Sempre.





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