quarta-feira, 10 de junho de 2015

E é isto!

Porque é que as mulheres vão juntas à casa de banho?

Um texto delicioso que replica na perfeição o stress que se apodera de nós quando não temos outro remédio senão ir a uma casa de banho pública.



O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que:
 Quando eras pequenina, a tua mamã levava-te à casa de banho, ensinava-te a
 limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punha tiras de papel
 cuidadosamente no perímetro da sanita.
 Finalmente instruía-te: "nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!"
 E depois ensinava-te a "posição", que consiste em balançar-te sobre a sanita
 numa posição de sentar-se sem que o teu corpo tenha contacto com o tampo.
 "A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante
 e necessária, que nos acompanha para o resto da vida. Mas ainda hoje, nos
 nossos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter,
 sobretudo quando a tua bexiga está quase a rebentar.
 Quando *TENS* de ir a uma casa de banho pública, encontras uma fila enorme
 de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso,
 resignas-te a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que
 também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de
 "Tou aqui tou a fazer xixi!".
 Finalmente é a tua vez! E chega a típica "mãe com a menina que não aguenta
 mais" (a minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente,
 que pena!). Então verificas por baixo de cada cubículo para ver se não há
 pernas. Estão todos ocupados.
 Finalmente, abre-se um e lanças-te lá para dentro, quase derrubando a
 pessoa que ainda está a sair.
 Entras e vês que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa...
 Penduras a mala no gancho que há na porta... QUAAAAAL? Nunca há gancho!!
 Inspeccionas a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e
 não te atreves a pousá-la lá, por isso penduras a mala no pescoço enquanto
 vês como balança debaixo de ti, sem contar que a alça te desarticula o
 pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foste metendo lá para
 dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usas, mas que
 tens no caso de...
 Mas, voltando à porta... como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la
 com uma mão, enquanto com a outra baixas as calças num instante e pões-te
 "na posição"...
 AAAAHHHHHH... finalmente, que alívio... mas é aí que as tuas coxas começam a
 tremer... porque nisto tudo já estás suspensa no ar há dois minutos, com as
 pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-te a circulação das coxas, um  braço
 estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-te o pescoço!
 Gostarias de te sentar, mas não tiveste tempo para limpar a sanita nem a
 tapaste com papel; interiormente achas que não iria acontecer nada, mas a
 voz da tua mãe faz eco na tua cabeça *"nunca te sentes numa sanita pública"*,
 E então ficas na "posição de aguiazinha", com as pernas a tremer... e por uma
 falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-te e
 molha-te até às meias!
 Com sorte não molha os sapatos... é que adoptar "a posição" requer uma grande
 concentração e perícia.
 Para distanciar a tua mente dessa desgraça, procuras o rolo de papel
 higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio!
 Então rezas aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tens na
 mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel... mas para
 procurar na tua mala tens de soltar a porta... ???? Duvidas um momento, mas
 não tens outro remédio. E quando soltas a porta, alguém a empurra, dá-te
 uma traulitada na cabeça que te deixa meio desorientada mas rapidamente tens de
 travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas
 OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!!
 E assim toda a gente que está à espera ouve a tua mensagem e já podes soltar
 a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm
 muito respeito umas pelas outras).
 Encontras o lenço de papel! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não
 importa, fazes tudo para esticá-lo; finalmente consegues e limpas-te. Mas o
 lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhas a mão toda; ou
 seja, valeu-te de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão.
 Ouves algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias que tu "alguém
 tem um pedacinho de papel a mais?" Parva! Idiota!
 Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o
 suor que te corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da tua mãe que
 estaria envergonhadíssima se te visse assim... porque ela nunca tocou numa
 sanita pública, porque, francamente, tu não sabes que doenças podem apanhar
 ali, que até podes ficar grávida (lembram-se?).... Estás exausta! Quando
 páras já não sente as pernas, arranjas-te rapidíssimo e puxas o autoclismo
 a fazer malabarismos com um pé, muito importante!
 Depois lá vais pró lavatório. Está tudo cheio de água (ou xixi? lembras-te
 do lenço de papel...), então não podes soltar a mala nem durante um segundo,
 pendura-la no teu ombro; não sabes como é que funciona a torneira com os
 sensores automáticos, então tocas até te sair um jactozito de água fresca,
 e consegues sabão, lavas-te numa posição do corcunda de Notre Dame para a
 mala não resvalar e ficar debaixo da água.
 Nem sequer usas o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secas as
 mãos nas tuas calças - porque não vais gastar um lenço de papel para isso -
 e sais...
 Nesse momento vês o teu namorado, ou marido, que entrou e saiu da casa de
 banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges
 enquanto te esperava.
 "Mas por que é que demoraste tanto?" - pergunta-te o idiota
 "Havia uma fila enorme" - limitas-te a dizer

 
 E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho, por
 solidariedade: uma segura-te na mala e no casaco, a outra na porta e a
 outra passa-te o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e
 rápido, pois só tens de te concentrar em manter "a posição" e "a dignidade*.
 Obrigada a todas por me terem acompanhado alguma vez à casa de banho e
 servir de cabide ou de guarda-portas! Passa isto aos desgraçados dos homens
 que sempre se perguntam ''por que motivo ela se demora tanto tempo na casa
 de banho?"

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