Quem me conhece, conhece de cor o meu sorriso aberto estampado na cara.
Às vezes estúpido até, sem razão aparente. Parece que uma qualquer força me puxa os músculos faciais em direcção ao pescoço. Rir-te-ás sempre, qual mandamento.
Quem me conhece bem, conhece as nuances do meu sorriso. Estampado verdadeiro ou estampado mentiroso. Sorrir porque sim, porque os outros o merecem, e não têm de levar com os meus dias menos bons ( dias maus recuso, instalo o meu próprio firewall mental ).
Quem me conhece muito bem, sabe perfeitamente que sei quem Sou e o que Quero.
E perceberia que hoje o meu sorriso era máscara, tipo plástica, como brinquedo de Carnaval, que coloquei naquele momento para o disfarce.
Naquele momento em que falei com o R., colega da natação, miúdo de 31 anos, que conheço há 1 mês, mais ou menos coisa.
Falei com o R entre braçadas e risotas, e descobri que um AVC precoce lhe destruiu os sonhos, lhe interrompeu o curso de Engenharia Civil, e lhe toldou os movimentos e lhe roubou a fala.
E de repente a piscina ficou sem água, o pé tornou-se fora de pé, e fiquei a balançar nas palavras do R. Abracei-o mentalmente durante o seu discurso, curto, como o local o limitava, e enfiei a cabeça na água.
Porque mais do que a suposta justiça divina barra força superior barra algo que nos transcende barra crença barra fé barra a lot of crap people say, existe aquilo a que se chama murro no estômago barra chapada dada sem mão barra “live is really unfair, and then you die”.
E depois lembrei-me da minha manhã tão má…em que apanhei 2 acidentes na minha rua que me fizeram chegar atrasada ao trabalho.
Da minha manhã tão péssima…em que não tive tempo para beber café, que horror!!!
E o almoço? O horror continuou, tive de engolir uma sandes em frente ao pc, enquanto despachava aquele relatório que me tirou o sono a noite passada. Sim, sim, relatórios tiram o sono a qualquer um. Mas pior que isto tudo, é aquele pneu na barriga que já antecipo na praia, que vergonha… nem tenho comido como deve ser a pensar nisto…fora esta borbulha pavorosa que teima em formar-se no meio da testa.
E depois a Vida chama-nos ali a um cantinho, para nos dar uma palavrinha. Assim, sem mais ninguém ouvir,, que há coisas que não se dizem em público.
É Bom quando a Vida nos chama ali á parte, e nos diz baixinho: olha minha menina, sabes que mais? Tens uma sorte do caraças.
Por isso deixa-te de parvoíces barra non-senses e usa esse Sorriso sim, usa-o da forma mais fashion que conseguires, do alto do teu 1.70m. Desfila na rua, deixa os homens das obras a babar, ajuda as velhinhas a atravessar a rua, mas provoca acidentes também, diz asneiras se fôr preciso, pragueja com o teu chefe, come uma bola de Berlim na praia ( que comeste 0 bolas de Berlim o Verão passado, tu e a mania das dietas ) e canta, e dança, e escreve tudo que te vier á cabeça. Diz que sim, diz que não, porque sim, porque sim, porque sim, porque Podes.
E quando “estiveres em baixo”, coitadinha, lembra-te do R e do sorriso que também ele, teima em não largar.
Always Smile Girl.
And the World, hopefully, will Smile you Back.
Sem comentários:
Enviar um comentário