Mudança.
De ritmo, de tempo, de atitude, de casa.
Mudar de ares.
Mudar é preciso. Ir ao sabor de. Desafiar as probabilidades.
Mudar de estilo, mudar o penteado.
Mudar de namorado. Mudar de perfume. Mudar de ginásio e de supermercado.
Mudar de telefone, mudar de emprego.
Não mudar de amigos. Estimá-los (ainda) mais. Dizer-lhes para não mudarem nunca.
Correr riscos, mas calculados. Mudar de estratégia.
Mudar de campo quando termina o primeiro tempo.
Mudar de ideias. Mas manter os ideais.
Porque sim, porque nos apetece, porque queremos.
E mudar a direcção, mas manter o mesmo sentido que trilhámos. Em que acreditamos.
E que nos vai acompanhar sempre, apesar das mudanças de rota da vida.
Mudança. Venha ela, e que nos traga coisas boas. Melhores ainda do que sonhámos.
Tenho para mim que é preciso este jogo de cintura.
O estar de bem com Deus e com o Diabo. Sugere-me sempre uma dualidade, ou bipolaridade que nem sempre sei fazer vir ao de cima.
Porque não a treinei ainda, por um lado, mas sei que existe em cada um de nós esta existência, latente.
E porque o assumirmos que temos dentro de nós um Dr Jekyll e um Mr Hyde é assustador.
Isto de termos um gémeo bom e um gémeo mau dentro da cuca, que se vão revezando a seu bel prazer, tem muito que se lhe diga.
Sempre que ouço alguém dizer: aquele tipo hoje nem parece ele! Está possuído!
É bem capaz de ser verdade isto.
O facto do nosso alter ego se apoderar de nós sem hora ou local marcado é muito possivelmente a razão pela qual às vezes temos atitudes e maneiras de estar muito diferentes daquelas, as outras, a que habituamos quem nos rodeia, aquelas a que chamamos "normais".
E acho mesmo que esta luta constante e diária de mantermos o equilíbrio entre as duas forças é uma das coisas que nos define melhor.
Haverá sempre quem deixe prevalecer Deus, o bom senso, e o gémeo bom.
Mas haverá sempre quem prefira o Diabo e o malvado Mr Hyde com as suas várias personalidades.
O bom disto tudo será sempre equilibrar as duas artes.
Assim um género de gémeo bom a jogar às cartas com o Diabo, ou um gémeo mau a brincar às escondidas com Deus, por exemplo.
Porque afinal, o segredo não é expor tudo o que temos de bom e mau. É jogar com as duas coisas, de forma a temperarmos um bocadinho a vida.
Hoje inspirada aqui:
Don´t say a word while we dance with the Devil.