quinta-feira, 7 de maio de 2015

O Princípezinho

Tenho-me lembrado bastante do Princípezinho, de Antoine de Saint-Exupéry.

Um livro que li quando era miúda, e não o entendi muito bem.
Passado uns anos reli, e fez-se luz. Percebi que tinha mesmo de ter crescido para entender.

Toda a história gira em torno de metáforas, fábulas e ensinamentos para a vida e, duma forma clara e tão simples que parece impossível que não o tenhamos percebido até lermos o livro.

O Universo aos olhos duma criança.
Aquela sensibilidade, fragilidade, aquela inocência no discurso, que nos faz acreditar que o Princípezinho existe mesmo, que é real, e que está ao alcance dos nossos braços, para lhe darmos colo e o embalarmos à luz das estrelas, do planeta onde ele vive.

Há uma série de frases chave no livro, mas acredito que esta é das mais significativas:

Tornamo-nos eternamente responsáveis por aquilo que cativamos.

Devia ser um lema de Vida.

Devíamos assumir este compromisso com quem cativamos, e duma forma que não deixasse margem para dúvidas.
De forma a que, sempre que o alvo do nosso afecto sentisse alguma insegurança, algum medo de dar um passo, nós lá estivéssemos para lhe segurar na mão e o encorajar.
Anda, tu consegues. Eu assumo a responsabilidade de poderes confiar em mim.
Da mesma forma, nos sucessos e metas atingidas. Boa, viste como conseguiste? Eu disse-te. Podes confiar no que te digo.

É que é tão simples e ao mesmo tempo tão importante.
Tão importante que à primeira leitura parece uma frase bonita e banal mas, que à segunda, terceira e consequentes leituras, se nos afigura uma lição de vida enorme.
Do tamanho do Mundo.

Eu só posso concordar.
Se eu te abri a porta da minha vida, do meu coração, do meu Mundo, és muito importante para mim.
Se confias agora em mim, se me dás o privilégio da tua companhia, das tuas confidências, das tuas venturas e desventuras, só posso retribuir-te da mesma forma.

Eu acho muito importante esta honestidade.
Este exercício de dar. De nos darmos. Reciprocamente.
Chamo-lhe exercício porque não vem à primeira. Às vezes nem à segunda ou terceira tentativas.

Mas quando acontece verdadeiramente é indescritível em palavras.
O cativar-se alguém pela forma como somos, e ter esse alguém cativo de nós, cativo de algo nosso.
Enche-nos de orgulho desmedido, e só queremos retribuir da mesma forma.

Tenho para mim que, se não é assim, devia ser.


 

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