sexta-feira, 8 de maio de 2015

O Amor da Minha Vida

Acho uma certa piada à expressão O Amor da Minha Vida.

Sempre achei piada porque, para variar, sempre a vi de maneira diferente das outras pessoas.
Lá vem a rebelde com as suas teorias, diziam-me quando eu tinha 20 anos.
Depois, com a idade a aumentar, lá me foram dando algum crédito e, agora, já não tenho reacções de interrogação sempre que o tema vem à baila com os mais próximos.

A expressão em si professa a teoria do Amor fantástico que há-de vir, do sentimento mais nobre que se pode ter por alguém que nunca nos irá magoar, aquele ser perfeito que, se não me falha a memória irá chegar montado a cavalo. Branco. De preferência (para não destoar da imagem criada na cabeça de toda a gente, aos 6 anos).
Ou seja, o príncipe perfeito! (desengane-se quem acha que foi o Rei D.João II).

Not.
O príncipe perfeito existe ainda na cabeça de muito boa rapariga.
Ou rapaz. Que isto das princesas perfeitas também pode vir aqui ter à discussão.

Ora...com o passar dos anos, e das vivências pessoais que fui tendo, pessoalmente e na 2ª ou 3ª pessoas, dependendo do grau de intimidade com algumas pessoas, fui-me convencendo que as coisas não eram bem assim. Nem as pessoas.
Duma forma ou doutra, foi uma descoberta mais ou menos dolorosa, mais ou menos entendida, mais ou menos decidida mas, certamente, muito Mais que Menos aceite.

Fez-me a pessoa que sou hoje e agradeço de coração a toda a gente que se cruzou comigo. Aos namorados e não só. A todas aquelas pessoas que, estando presentes na minha vida mas não estando afinal, me ajudaram a perceber o que era o Amor da Minha Vida.
Mesmo aquela gente que  não merece qualquer agradecimento, há que agradecer-lhes. Foram úteis.
Se não se cruzaram comigo, então fui eu que me cruzei com eles e, de certeza, que se lembram dalgumas lições de vida que lhes possa ter dado. Ou pelo menos, gosto de pensar que sim.
Chamo-lhes carinhosamente sapos. Aqueles que por mais beijos que lhes déssemos, não se transformavam em Príncipes por nada.

Isto para dizer uma coisa muito simples.
Para mim, existem Amores na Minha Vida.
Agora O Amor da Minha Vida, será aquele com quem eu construir o meu futuro como eu o vejo.
Sem a busca da perfeição, real ou imaginada.
Sem querer mudar à minha imagem, ou a outra imagem qualquer.
Um futuro assente na aceitação de que as pessoas vêm com o seu pacote já feito.
As pessoas têm um passado. Temos de o aceitar. Arrumá-lo arrumadinho.
E nunca, mas nunca, deverão ser mudadas à imagem de nada. De ninguém.
São assim.  E assim é que devemos gostar delas incondicionalmente.

Por isso, é que sempre que ouvia esta expressão, achava uma certa piada.
E brincava um bocadinho com as opiniões das amigas, e das colegas de escola.
Mandava-as sempre espreitar por cima do ombro umas das outras, para ver se aquele cavalo que ali vinha atrás era o tal, o branco. Com um príncipe lá montado.
Invariavelmente era sempre o contínuo da escola, o Sr Zé, que nos vinha chamar para as aulas, que já tinham começado há 5 minutos.
E lá íamos nós, a rir, penduradas umas nas outras, a correr para a sala de aula.

Estas lembranças ainda me fazem sorrir tanto.

Até porque os cavalos deixaram de ser brancos e passaram a ter outras cores.
Tal como os príncipes. Deixaram de o ser.
Agora são plebeus. Perfeitos assim.
E podem vir a pé já agora?
É que andar de cavalo nas nossas estradas, no século XXI é capaz de ser perigoso.














2 comentários:

  1. Logicamente que falar de amor é sempre complicado. Mas o amor não tem a ver com encontrarmos uma pessoa perfeita, ou que pelo menos que seja perfeita aos nossos olhos, e isenta de defeitos, porque felizmente não existem pessoas perfeitas! O amor é um sentimento, talvez o sentimento mais poderoso que existe, mas que por outro lado pode também ser o mais destrutivo, e basta ver a quantidade de crimes que continuam a acontecer nos dias de hoje motivados pelo ciúme, traição, orgulho ferido, e as próprias queixas da violência no namoro que estão a aumentar drasticamente.
    E o que eu acho que acontece (é a minha visão das coisas) é que à medida que as pessoas se vão desiludindo com o amor, criam resistências, ficam mais atentas, querem dar passos mais seguros, para não terem de provar de novo o gosto amargo da derrota. E muitas pessoas, muitas vezes tornam-se sarcásticas acerca da coisa, é normal, certamente também aconteceu comigo. Porque se nos apaixonássemos a primeira vez, e tantos anos depois, ainda estivéssemos com aquela tal pessoa, certamente que tínhamos uma visão completamente diferente do "amor da minha vida" ;)
    Mas é verdade, amar não é querer mudar ou moldar os outros como gostávamos que eles fossem. Nem nos camuflarmos tal qual um camaleão, consoante o tipo de pessoa com quem estamos. Os outros devem gostar de nós tal como nós somos, e devem principalmente aceitar-nos com os nossos defeitos, porque das nossas qualidades todos gostam.

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  2. Exacto Caro/a Konigvs, é esse o fundamento maior, o amar-se incondicionalmente. Sem esperas, ou recompensas. Aceitar-se a pessoa como é, e pronto. Meio caminho andado para a serenidade de espírito. ;) Obrigada pelo comentário. Smile Girl.

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