terça-feira, 31 de março de 2015

Sou Transparente?

Muito se fala sobre o ser-se ou não transparente.

Sobre o conseguir-se "ler" alguém à primeira.
Ou à segunda, e terceira vezes.

Eu gosto de pensar que passo uma imagem clara da minha pessoa.
E que não me refugio em identidades alternativas para fazer chegar a minha mensagem.

Mas por vezes penso não ser uma boa julgadora de carácteres.
Não é fácil para mim ler uma pessoa na primeira conversa. Às vezes, só mesmo a partir da segunda conversa é que o panorama começa a ficar mais claro. Isto com o que tem de bom e de mau, claro.
Posso ficar com a certeza que aquela pessoa até é porreia, e não parecia nada à primeira vista.
Ou então não, aquela pessoa afinal não interessa nem ao menino Jesus, ia-me enganando.

É como um jogo de espelhos, na realidade.
Dependendo do ângulo por onde olhamos, assim o seu reflexo nos parece mais ou menos distorcido.
E depois, se olharmos através dum ângulo completamente diferente, a imagem aparece-nos perfeita, sem mácula.

Acho que é por isso que nunca ia à casa dos espelhos, na Feira Popular. Aquilo metia-me medo. Como é que éramos tão elegantes há dois minutos, e parecemos agora anões atarracados, a esta nova visão, e diferente ângulo?

O caminho do crescimento enquanto seres humanos obriga-nos (ou devia) a olhar para dentro de nós sempre com mais e mais atenção.
Acho que enquanto não nos conhecermos a nós mesmos, nunca poderemos entrar na aventura maior, que é darmo-nos a conhecer aos outros. Como é que eu dou de mim, se não sei quem sou?

Às vezes penso nestas coisas. Só às vezes.
Felizmente tenho consciência de mim. E acho que tenho consciência do que sou, em interacção com quem me rodeia.
Sou transparente? O meu sorriso diz que sim.
Às vezes não filtro o que digo? Pois. Transparência ou impulsividade?

Se calhar impulso, mas Impulso Transparente.




























2 comentários:

  1. Isso de se conhecer verdadeiramente alguém nem sempre é assim muito simples. Ainda há uns meses, e sobre o tema "relacionamentos", uma pessoa dizia-me: "por vezes só conhecemos verdadeiramente uma pessoa, quando a relação acaba". E há um grande fundo de verdade nesta afirmação, pois num momento de grande tensão, de perda e orgulho ferido, de sentimentos mais negativos, é ali que comprovamos o que sempre achamos daquela pessoa, ou por outro lado, nos cai a ficha e ela nos surpreende negativamente.
    Há pessoas que estão juntas há anos, e na verdade não conhecem muito bem a pessoa com quem se deitam todos os dias, nem imaginam que podem na verdade estar "dormindo com o inimigo".
    Talvez porque hajam pessoas que se dêem muito mais a conhecer que outras. Ou porque há pessoas que ocultam muito bem o seu lado mais sombrio, mas ele mais tarde ou mais cedo terá de sair da toca.
    E curiosamente, ainda este ano proferi a seguinte afirmação: "Eu não faço a mínima ideia de quem sou". Sim, eu sei como me chamo, que idade tenho, onde vivo e trabalho. Estou muito ciente das qualidades e defeitos que tenho, e sei muito bem o que valho como pessoa. Mas na verdade nada disso me diz quem eu sou...
    E contrariando um pouco o argumento do texto, apesar de eu não fazer a mais pequena ideia de quem sou, eu acho que sou muito bom na difícil arte de viver, de me dar a conhecer verdadeiramente aos outros, e de os tentar compreender. E refiro-me logicamente aquele grupo muito restrito de meia dúzia de pessoas que nos são realmente importantes. Aos outros, a todos os que não são assim tão importantes, não precisamos de ser assim tão transparentes não é?

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  2. Olá Caro/a Konigvs, obrigada pelo comentário. Também concordo consigo nalguns pontos. Afinal há fases em que "nos lemos" melhor do que nalgumas outras. E é uma sensação transversal a todos nós, acho. Obrigada! Smile Girl.

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