sexta-feira, 20 de março de 2015

Piropos e Pequeninos Empurrões


Há poucas probabilidades de estarmos á espera para atravessar numa passadeira, a olhar para o semáforo á espera que passe a verde para os peões, ás 6 da tarde duma qualquer sexta feira de trânsito intenso, e uma carrinha cheia (insisto, cheia) de trolhas, nos parar á frente.
Impossibilitando que andemos para o lado, atulhado de peões como eu, ou para trás, atulhado de peões como eu, ou para a frente, carrinha cheia (...) de trolhas.
Nota Importante: Nada contra os trolhas, absolutamente. Tenho inúmeros primos trolhas na família, e trabalham que se fartam. Bem hajam.

E aqui dá-se a magia da nossa sociedade moderna. É aqui que nos apercebemos que descendemos realmente dos macacos.

"Ohhhhh BOUAAAAAA!!!! Vamos prá tua casa ou prá minha???"

Perdão?
Não, não vou pedir para repetir, deixe lá. Perdão é uma maneira de falar!

E depois aqui temos algumas alternativas. Não várias! Mas algumas. Senão, vejamos:

a) Ando para trás e caio em cima de todos os peões que lá estão.
b) Ando para o lado direito e empurro todos os peões que lá estão, uns para cima dos outros.
c) Ando para o lado esquerdo e aquela senhora de etnia cigana palma-me (gosto do verbo palmar) a carteira, assim que cair em cima dela.
d) Dou um passo em frente e bato com o nariz na porta da carrinha dos trolhas (talvez aqui conseguisse uma rinoplastia de graça, alegando que parti o nariz ou desviei o septo nasal ou assim. Não morro de amores pelo meu nariz).
e) Aguento-me á bronca. E dou de caras com um diálogo de segundos que será delicioso.

Ora, opção e em curso, vamos lá acabar com o sofrimento desta gente:

" As duas!! Pode ser? Tu vais prá tua casa e eu vou prá minha. Boa??"


E desato a rir, claro. Não me contive. Nem quis.
Não iria armar-me em arrogante e não responder aos senhores trolhas e ao seu convite (ia pôr amável convite, mas duvido que amabilidade constasse do que tinham em mente).

E consegui: ter metade dos peões a rir, outra metade a abanar a cabeça em sinal de desaprovação (que gente mal educada barra raça da miúda tão atrevida), uma carrinha de trolhas a arrancar quando o semáforo passou para verde, ainda a pensarem no que eu quis dizer com aquilo (sem saberem muito bem se lhes tinha corrido bem ou não), e uma peã (esta palavra existe?) a rir-se a bom rir, com o seu (meu) nariz intacto.

Verdade seja dita que o piropo não é novo, mas calhou ali mesmo bem.
Acho que toda a gente devia ter um ou dois piropos na cartola, para estas ocasiões.

Em suma, continuei bem disposta, os senhores trolhas foram á sua vida, e o Mundo continuou a girar da mesma maneira que há 5 minutos atrás.

Lições a tirar destes pequenos episódios...deixa ver...

Ah! Que temos o poder de mudar o rumo de algumas coisas que nos acontecem. Aquelas que são intuitivas, viscerais. E, se mantivermos a essência do que somos, só podem correr bem.

Porque tal como o semáforo abre e fecha de verde para vermelho e vice-versa, e empurra a carrinha dos senhores trolhas no seu caminho, ás vezes só falta um pequenino empurrão para as coisas boas acontecerem.
E nos empurrarem no caminho certo.
















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